Biocombustíveis são aposta das aéreas para reduzir emissões
quarta-feira, fevereiro 05, 2014
Com o primeiro
voo comercial brasileiro utilizando bioquerosene, em outubro do ano passado, os
biocombustíveis já são uma realidade na aviação nacional. Enquanto são
estudadas políticas públicas para seu desenvolvimento, o desafio é possibilitar
nos próximos anos que um ganho de escala garanta um custo equivalente ou mais
baixo que o de combustíveis de origem fóssil.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), os gastos com
combustíveis representam quase metade do custo total das passagens aéreas. Os
ganhos para o meio ambiente, porém, podem ser ainda mais altos. Com o
biocombustível, há a possibilidade de se reduzir as emissões de gases do efeito
estufa do setor aéreo em até 80%.
No voo inaugural, um avião da Gol partiu do Aeroporto de Congonhas, em São
Paulo, para o Juscelino Kubitscheck, em Brasília, e utilizou combustível
processado a partir de uma mistura de óleos vegetais que incluiu óleo de milho
e de cozinha reutilizado. A adoção da tecnologia, desenvolvida pela empresa
norte-americana Amyris, não exige alterações significativas nos aviões.
“Utilizar bioquerosene é uma mudança de paradigma, mas temos uma grande
vantagem. Diferentemente do que acontece com os carros e outros veículos, as
tecnologias que estão em desenvolvimento para as aeronaves não pedem adaptação
do equipamento”, afirma Eduardo Sanovicz, presidente da ABEAR.
As pesquisas na área estão avançadas. Além de óleos vegetais, os combustíveis
sintéticos podem ser produzidos a partir de açúcares e amidos, celulose, lixo e
rejeitos. Há ainda estudos promissores com algas oriundas de esgotos. Estes
organismos, após serem usados para absorver matéria orgânica nas estações de
tratamento, podem ser posteriormente processados para a produção de
bioquerosene.
Reduzir as emissões na aviação civil é um compromisso mundial, celebrado pelo
ATAG (Air Transport Action Group, ou Grupo de Ação do transporte Aéreo, na
tradução para o português), que tem como meta reduzir as taxas de emissões de
gases efeito estufa em 1,5% ao ano até 2020. Antes do voo de outubro, empresas
brasileiras como TAM, Azul e Gol fizeram voos experimentais com o bioquerosene,
mas sem passageiros nos seus aparelhos (ABEAR, 28/1/14).
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