McDonald's sai em busca do Big Mac verde. Desafio será achar
segunda-feira, janeiro 13, 2014
Maior cadeia de hambúrgueres do mundo, o
McDonald's acaba de se lançar em uma cruzada pela carne de origem sustentável.
Qual a fórmula? Eles não fazem ideia.
Dois anos depois de anunciar mudanças na fórmula dos seus
hambúrgueres, após denúncia feita pelo chef de cozinha britânico Jamie Oliver
sobre uso de hidróxido de amônio nos produtos, o McDonald’s prometeu novas
modificações: quer comprar carne bovina sustentável a partir de 2016.
No site de lançamento da campanha, a empresa explica que a
investida vem ao encontro dos apelos ambientais crescentes e da preocupação dos
consumidores com a origem dos alimentos. Não será uma promessa fácil de
cumprir.
No topo da lista de desafios, aparece uma pergunta simples — o que
é carne sustentável? O McDonald's diz que não tem a resposta pronta e afirma
que o bife verde é um conceito em construção.
Em entrevista ao site GreenBiz, Bob Langert, vice-presidente de
sustentabilidade global da gigante do fast-food, diz que a definição da
terminologia será tarefa dos outros. "Carne sustentável não vai ser
definida pelo McDonald's...A chave aqui é fazer com o conceito seja definido
por um grupo de partes interessadas e de ampla coalizão. Precisamos de uma
maior massa crítica".
É aí que entra a Conferência Global sobre Carne Sustentável, um
grupo composto por grandes players corporativos, como Walmart e Cargill e
também ONGs como a World Wildlife Fund (WWF). No ano passado, o grupo emitiu
uma versão preliminar de um documento intitulado "Princípios e Critérios
para a Carne Sustentável".
Os princípios abrangem pessoas (direitos humanos, meio ambiente de
trabalho seguro e saudável), comunidade (cultura, o patrimônio, o emprego, os
direitos à terra, saúde animal e bem-estar, segurança e qualidade alimentar,
recursos naturais (de saúde do ecossistema) e de eficiência e de inovação
(reduzindo o desperdício, otimizando a produção, a vitalidade econômica).
Os mais radicais podem argumentar que se trata de contradição em
termos, afinal a criação de gado é uma das principais fontes emissoras de gases
efeito estufa, vilões do aquecimento global. Sem falar da contaminação da água,
do ar e de outros recursos naturais incorporados em fertilizantes, pesticidas e
herbicidas usados pela indústria de ração de gado.
A par das críticas, a rede de fast-food afirma que está
comprometida em reduzir o impacto ambiental de seus produtos. O raciocínio,
conforme Langert, é de que se o negócio se sustenta na carne, então que seja
carne mais ecológica — atualmente, 28% da pegada de carbono da empresa vem da
proteína animal.
Outro desafio que a empresa terá que superar para colocar o
hambúrguer ecológico no menu passa pelo convencimento de uma gigantesca e
complexa cadeia de suprimento mundial.
Cada parte da indústria de carne bovina é de propriedade de uma
entidade diferente e opera de forma independente, com práticas únicas que
variam de acordo com papel na cadeia de abastecimento.
A carne que abastece os mais de 30 mil restaurantes da rede no
mundo não vem diretamente de fazendeiros ou matadouros.
O McDonald's compra o produto congelado a partir de cerca de 20
empresas de processamento de alimentos em todo o mundo. No Brasil, o bolo é
dividido entre a JBS e a BRF.
Você está se perguntando de onde vem seu Big Mac? Existem mais de
400.000 possibilidades. É o número aproximado de fazendas de gado que fornecem
a carne que eventualmente recheia um hambúrguer da rede.
Esses produtores estão no início de uma cadeia de valor que inclui
ranchos, fazendas leiteiras, gado de confinamento e processadoras de carne
bovina.
Com uma cadeia de natureza tão complexa fica claro que adequar
todos a um padrão de carne sustentável – ainda a ser definido – é tarefa árdua.
Não à toa, a rede se eximiu de fixar uma data para ter 100% de seus
hamburgueres com certificação ambiental.
A empresa, que responde por 1,5% a 2% de todo o consumo de carne
nos países em que opera, também não está certa de quanta carne bovina
sustentável vai comprar em 2016.
Passado
Esta não é a primeira investida verde da marca. No passado, o
McDonald's concordou em proibir a compra de carne originária do bioma amazônico
e adotou padrões de bem-estar animal, desenvolvendo projetos com a colaboração
de produtores para melhorar as práticas de manejo.
Desde janeiro do ano passado, parte dos peixes que recheiam o Mac
Fish Burger já contam com certificado de origem, emitido pelo Marine
Stewardship Council (MSC), enquanto o café traz o selo do FSC (Forest
Stewardship Council).
São garantira de práticas responsáveis, que preservam o meio
ambiente e permitem o progresso econômico das comunidades e produtores.
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