Um documento publicado pela Embrapa Agroenergia
esta semana detalha o potencial de aproveitamento integral de diversas espécies
energéticas nativas. Intitulado “Aproveitamento de Espécies Nativas e seus
Coprodutos no Contexto de Biorrefinaria” o texto foi produzido pelos
pesquisadores Simone Palma Favaro e Cesar Heraclides Behling Miranda.
O texto detalha os casos de cinco variedades vegetais nativas do Brasil
consideradas como possíveis fontes de biomassa para a produção de
biocombustível e bioprodutos: macaúba, babaçu, carnaúba, mandioca e aguapé. As
três primeiras vêm sendo estudadas por seu alto rendimento de óleo que pode ser
usado como matéria-prima para a fabricação de biodiesel enquanto as últimas têm
elevadas concentrações de carboidratos que poderiam ser convertidos em etanol.
Das cinco, a que mais se destaca é a macaúba. A palmeira ocorre naturalmente em
boa parte do território nacional e tem grande potencial de exploração econômica
imediata. Alimentos, biocombustíveis, produtos químicos, materiais diversos e
energia (calor e eletricidade) são alguns dos itens que podem ser gerados em
biorrefinarias a partir da biomassa.
O estimado aumento da demanda industrial por óleos de origem renovável exigirá
plantas com elevada produtividade, o que não se consegue com as lavouras de
ciclo anual como a soja e a canola. Nesse sentido, palmeiras como a macaúba, o
babaçu e a carnaúba podem ganhar mais espaço. “As palmáceas são as fontes
vegetais com maior densidade energética”, destaca o documento. Só os resíduos
do babaçu que chegam às processadoras poderiam gerar volume de energia
equivalente a 2% da matriz energética nacional.
Fonte de carboidratos, a mandioca também apresenta potencial de aproveitamento
energético dos resíduos da produção de farinha e fécula. A manipueira, efluente
líquido resultante da prensagem, equivale a pelo menos 30% do material
processado. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de mandioca, que também
pode ser utilizada para fabricação de etanol.
Os pesquisadores também abordam no documento os desafios para que esse
potencial econômico vire realidade. Entre eles, a exploração ainda extrativista
da maior parte das espécies nativas abordadas, o que implica falta de
uniformidade e garantia de fornecimento regular. Entretanto, os autores
salientam que “os investimentos em ciência, tecnologia e inovação tem resultado
em soluções criativas que podem ser escalonadas, criando oportunidades de novos
negócios. Mantendo-se a continuidade desses esforços, certamente serão
desenvolvidos processos para melhor aproveitamento dos recursos naturais, o que
possibilitara geração de renda e emprego.”
0 comentários
Agradecemos seu comentário! Volte sempre :)