Empresário quer levar modelo brasileiro de biodiesel para o Haiti
quarta-feira, dezembro 25, 2013
A pequena indústria
de Reginald Noel é a única produtora de biodiesel do Haiti. Mas o país quer
aumentar esse número em um futuro próximo. Segundo o empresário, o plano é
tornar a mistura de biocombustíveis aos combustíveis fósseis obrigatória no
prazo de cinco anos. Além das questões ambientais, a medida visa a aumentar a
segurança energética local e economizar divisas. Atualmente, os haitianos importam
cerca de 43 milhões de litros de diesel por ano, principalmente da Venezuela. A
maior parte desse combustível (70%) é utilizada para gerar energia elétrica.
Também de acordo com Noel, o Haiti possui 600 mil hectares de terras
disponíveis para o cultivo de matéria-prima para bioenergia. A ideia dos
projetos que vêm sendo formulados para impulsionar os biocombustíveis no País é
combinar a produção de óleo com a de farelo para alimentação de aves, peixes e
suínos.
O empresário haitiano esteve em Brasília, em março, participando da Semana de
Bioenergia, ao lado de cerca de 70 técnicos de diversos países. O evento foi
promovido pela Global Bioenergy Partnership (GBEP), o Ministério das Relações
Exteriores (MRE), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
e a Embrapa Agroenergia, com o apoio da Organização dos Estados Americanos
(OEA), do Departamento de Estado dos Estados Unidos e da empresa Raizen.
O grupo conheceu a unidade de Anápolis (GO) da Granol, uma das maiores
indústrias brasileiras de biodiesel. Na opinião de Noel, que está em sua
segunda visita ao Brasil, os programas de fomento aos biocombustíveis do País
são modelos de sucesso que podem ser adaptados para outras regiões.
Até 2004, não existia fabricação de biodiesel no Brasil. Com a implantação do
Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), o País passou a ser o
segundo maior produtor mundial, tendo colocado no mercado 2.717 m³ do
biocombustível em 2012.
De acordo com o coordenador da Comissão Interministerial do programa, Rodrigo
Rodrigues, reduzir as emissões de carbono, as importações de diesel e as
desigualdades regionais, com a geração de renda no campo são as principais
diretrizes da iniciativa. Os números apresentados por ele na Semana de
Bioenergia mostraram que quase 104 mil famílias de agricultores forneceram
matéria-prima para as indústrias de biodiesel no ano passado – 25% na região
Nordeste. Nos leilões para aquisição do biocombustível realizados pela Agência
Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 92% das empresas
vencedoras compram pelo menos 15% de matéria-prima de agricultores familiares.
FAO
“A política do Brasil é a melhor do mundo para promover a inserção da agricultura familiar”, diz o coordenador de bioenergia da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Olivier Dubois. Ele conta que a FAO tem a preocupação de que os agricultores continuem a produzir alimentos, mesmo fornecendo matérias-primas para os biocombustíveis. Para ele, com bons sistemas de gerenciamento, é possível atender aos dois mercados.
FAO
“A política do Brasil é a melhor do mundo para promover a inserção da agricultura familiar”, diz o coordenador de bioenergia da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Olivier Dubois. Ele conta que a FAO tem a preocupação de que os agricultores continuem a produzir alimentos, mesmo fornecendo matérias-primas para os biocombustíveis. Para ele, com bons sistemas de gerenciamento, é possível atender aos dois mercados.
Uma planta alimentar, por exemplo, pode gerar alimentos e biocombustíveis. É o
caso da cana-de-açúcar e da soja. Outra opção são os consórcios de diferentes
culturas em uma mesma área. O risco, na opinião Dubois, ocorre quando o
agricultor destina todo o seu lote para uma única cultura.
O coordenador de bioenergia da FAO afirma que, para a instituição, análises
globais não funcionam em bioenergia. “A base do nosso trabalho é a realidade de
cada país”, explica.
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