O projeto "Noronha Carbono Zero", que pretende fazer do
arquipélago de Fernando de Noronha o primeiro território carbono-neutro do
País, foi lançado no dia 31 de novembro pelo governador de Pernambuco e
presidenciável Eduardo Campos (PSB), na abertura da conferência
"Pernambuco no Clima", que reúne especialistas em meio ambiente para
discutir mudanças climáticas e aquecimento global.
Noronha produz hoje uma média de 9 mil toneladas de CO2 por
habitante/ano, bem acima da média nacional, de 2,2 toneladas de CO2 por
habitante/ano. Campos acredita que a experiência de redução da emissão de
carbono a zero na ilha - o que inclui compensação com plantio de mata atlântica
para as atividades onde a emissão não puder ser reduzida - pode ser alcançada
em um prazo de cinco anos.
"Será um caso concreto para servir de paradigma para cidades,
estados e países", afirmou o governador. Um diagnóstico do arquipélago
indicou que 55% por cento das emissões se devem ao transporte aéreo, 32% à
energia térmica e 7% ao transporte interno - ônibus, veículos, motos que
circulam na ilha. A emissão de CO2 contribui para o chamado efeito estufa, com
aumento da temperatura do planeta.
Campos observou que o uso do biocombustível em vez do combustível
fóssil para as aeronaves vai depender das empresas áreas, que poderão receber
algum benefício para fazer a mudança. Noronha tem uma usina termelétrica. A
ideia é substituir a fonte energética pela solar e eólica. Duas usinas solares
estão sendo implementadas, com investimentos de R$ 18 milhões e deverão atender
a 15% da atual demanda energética.
O projeto de redução de carbono ainda será apresentado e discutido
com a comunidade da ilha. O envolvimento da população é imprescindível para o
seu êxito, de acordo com o secretário estadual de Meio Ambiente, Sérgio Xavier
(PV). Segundo ele, ainda não há um orçamento específico para o projeto.
O líder dos verdes no Parlamento Europeu, Daniel Cohn-Bendit, o
secretário-executivo do Fórum brasileiro de Mudanças Climáticas, Luís Pinguelli
Rosa, a deputada federal Aspásia Camargo (PV), o deputado federal Alfredo
Sirkis (PV) e o ex-deputado federal pelo PV, Fábio Feldmann, participam da
conferência.
Sirkis (PV) enfatizou que o "Pernambuco no Clima" não tem
caráter político eleitoral. Frisou que o evento foi planejado há um ano e é um
desdobramento da Rio +20. "Não tem política, não tem campanha
eleitoral", afirmou. Feldmann destacou a importância do encontro por
"avançar e inovar para o concreto".
"As democracias são formatadas para pensar no curto prazo,
normalmente o curto prazo é o eleitoral", disse Feldmann. "O que
estamos fazendo em Pernambuco é liderança".
Desenvolvimentista, Campos não teve preocupação com o meio ambiente
no seu primeiro mandato e recebe críticas de ambientalistas por iniciativas
como a autorização, em 2010, da derrubada de 600 hectares de manguezal no
complexo portuário e industrial de Suape, na região metropolitana.
No segundo mandato, criou a secretaria de meio ambiente e tem
buscado mudar a política ambiental do Estado. Numa espécie de prestação de
contas, Sérgio Xavier apresentou todas as ações do governo pernambucano na
área, em um discurso de 25 minutos. "Pernambuco está fazendo o dever de
casa e pode exigir que o Brasil e o mundo também avancem neste sentido",
disse ele. O secretário informou que o Estado está investindo R$ 11,5 bilhões
no setor, sendo R$ 9,7 bilhões em saneamento e abastecimento. Xavier assegurou
que 60% destes recursos serão utilizados até 2015.
/Fonte: http://exame.abril.com.br/meio-ambiente-e-energia/noticias/campos-lanca-projeto-noronha-carbono-zero
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