Em vez de só reclamar da pressão por resultados de curto
prazo, o presidente mundial da fabricante de bens de consumo Unilever, Paul
Polman, arranjou um jeito de se livrar dela. Em entrevista exclusiva concedida a
EXAME, ele explica como.
O holandês Paul Polman, presidente mundial da gigante de bens de
consumo anglo-holandesa Unilever, ganhou destaque entre os executivos badalados
da atualidade por razões pouco convencionais. Assim que assumiu o cargo, em
janeiro de 2009, alardeou que deixaria de divulgar o lucro da companhia a cada
trimestre (na Europa, as empresas não são obrigadas a relatar esse número) — o
faturamento, porém, continua sendo divulgado.
Previsões para os resultados a cada três meses também ficariam no
passado. Dali para a frente, só duas vezes por ano o mercado recebe essas
informações. Desrespeito aos investidores? Polman acha que não. Afinal, diz
ele, se os planos de investimento e de marketing da empresa não são definidos a
cada 90 dias, usar essa periodicidade para divulgar resultados não faz sentido.
Polman demonstrou que não quer se esconder da cobrança pública ao
estabelecer abertamente uma meta ousada para o longo prazo. Disse que vai
dobrar as vendas da Unilever até 2020. Ao mesmo tempo, pretende reduzir pela
metade o impacto ambiental da companhia.
A primeira reação do mercado foi de estranhamento — e as ações
caíram 8% no dia em que ele anunciou as novas regras. A pecha de subversivo e
excêntrico, porém, cedeu aos fatos. A companhia faturou quase 70 bilhões de
dólares em 2012, 16% mais que em 2010 — o dobro da taxa de crescimento da
principal concorrente, a Pocter&Gamble. Desde então as ações valorizaram
25%.
O executivo de 57 anos, que trabalhou a vida inteira no setor
privado, fala como um aguerrido ativista. Em todas as suas inúmeras aparições
públicas, defende mudanças no capitalismo e na lógica do mercado de capitais.
Diz que, ao gastar seu tempo dedicando-se a causas como o combate à
desnutrição, está também preocupado com o que os acionistas da empresa vão
embolsar.
Seu raciocínio é o de que a Unilever é uma empresa de alimentos e
de produtos de higiene e, por isso, tem muito a lucrar se ajudar a resolver
problemas como a fome, por exemplo. De seu escritório na sede da Unilever, em
Londres, falou com EXAME.
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