Resultados de pesquisas com macaúba são apresentados em Congresso
terça-feira, novembro 12, 2013
A Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem atuado na coordenação de
grandes projetos de pesquisa para avaliação de espécies oleaginosas com
potencial para a produção de biodiesel. Entre as espécies estudadas, a macaúba
tem se destacado como uma das mais promissoras. Resultados de diversas ações de
pesquisa serão apresentados no I Congresso Brasileiro de Macaúba: Consolidação
da Cadeia Produtiva, que será realizado em Patos de Minas (MG), de 19 a 21 de
novembro.
Promovido pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o evento tem como
principal objetivo agregar os conhecimentos técnicos e científicos sobre a
macaúba no Brasil e no exterior, visando à obtenção de subsídios para a
consolidação da cadeia produtiva dessa espécie no País, fornecendo assim uma
alternativa sustentável aos combustíveis fósseis.
Pesquisadores
da Embrapa têm desenvolvido, desde 2006, estudos relacionados a avaliação do
potencial produtivo da macaúba, seleção de materiais, botânica, ecologia e
genética, desenvolvimento de sistemas de produção, qualidade da matéria-prima e
processamento do óleo, coprodutos, além de análise dos impactos econômicos,
sociais e ambientais na cadeia produtiva.
As Unidades da
Embrapa que têm contribuído com esses estudos são a Embrapa Cerrados
(Planaltina-DF), Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro- RJ),
Embrapa Instrumentação (São Carlos-SP) e Embrapa Agroenergia (Brasília-DF).
Resultados - Um dos trabalhos, a ser apresentado pelos pesquisadores da Embrapa
Cerrados Nilton Junqueira, Marcelo Fideles e Léo Carson, é sobre a necessidade
da coleta, caracterização e conservação da macaúba em Banco de Germoplasma para
uso em programas de melhoramento genético. Atualmente, o Banco de Germoplasma
da Embrapa Cerrados conta com 100 acessos oriundos de cinco estados – Minas
Gerais, São Paulo, Pará, Goiás e Distrito Federal.
Para viabilizar
o uso da macaúba como fonte de combustível, os pesquisadores estão
desenvolvendo estudos para adequação de um sistema de cultivo capaz de explorar
o potencial de rendimento da cultura. As pesquisas avaliam os possíveis efeitos
da adubação, fator limitante à produção em cultivos, nos caracteres
morfológicos e no desenvolvimento inicial em dois acessos de macaúba. Nesses
mesmos acessos também estão sendo avaliados os efeitos do uso de irrigação, e
futuramente será verificado o custo/benefício do uso de sistemas irrigados.
Pesquisas
conduzidas pelos pesquisadores da Embrapa Cerrados Lourival Vilela e Karina
Pulrolnik indicam que a macaúba tem potencial para ser utilizada em sistemas de
integração com lavoura e pecuária e em sistemas agroflorestais, adequando-se
tanto para a agricultura familiar como para a agricultura empresarial.
Entretanto, os pesquisadores da Embrapa Cerrados ressaltam que é preciso dar
continuidade aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, para
que a macaúba possa atingir a condição de grande cultura, com efeitos positivos
ao agronegócio e à matriz energética do Brasil.
A macaúba -
Pertencente à família Arecaceae, a macaúba é uma palmeira nativa das florestas
tropicais e encontra-se amplamente dispersa no território brasileiro. Existem
muitos relatos de diversos usos da espécie por comunidades próximas onde há
ocorrência de populações naturais, como o óleo para fabricação de sabão, as
folhas como volumoso na alimentação animal e artesanato, frutos para consumo
humano e farinha para produção de diversos produtos alimentícios. Estudos têm
aferido o potencial de uso do óleo para produção de biodiesel, indústria de
alimentos, cosméticos e fármacos, assim como a qualidade nutricional da polpa e
da amêndoa e a qualidade do carvão produzido a partir do endocarpo.
Apesar do
grande potencial e da diversidade de usos considerando os possíveis produtos e
coprodutos obtidos pela extração do óleo e aproveitamento dos resíduos, para
viabilizar a espécie como uma nova cultura agrícola são necessários estudos
para adequação de sistemas de cultivo capazes de explorar seu potencial de
rendimento, além de selecionar genótipos ou acessos responsivos às tecnologias
geradas.
Óleo – Nas
avaliações de maciços naturais realizadas por pesquisadores da Embrapa Cerrados
no Distrito Federal, foram obtidas 1,5 toneladas de óleo de polpa e 0,3
tonelada do óleo de amêndoa a cada 400 plantas, dependendo da densidade de
plantas. A perspectiva é de que, no futuro, sob sistema de cultivo, a
produtividade chegue a 7 toneladas de óleo em uma densidade de 400 plantas por
hectare.
O pesquisador
Marcelo Fideles lembra que a cadeia produtiva da macaúba ainda é incipiente.
“Mas só com o que se tem de produção dos maciços naturais, já daria para
iniciar. Já vemos um potencial interessante. Mas além da questão da lei de
acesso ao patrimônio genético, é preciso desenvolver algumas recomendações e
aprová-las junto ao Ministério do Meio Ambiente para que seja autorizado o
extrativismo de frutos em macaúba, enquanto a produção comercial não vem”,
disse.
Como a
composição de ácidos graxos é o que determina a forma de utilização do óleo da
polpa e da amêndoa, os pesquisadores da Embrapa Cerrados, em parceria com a
pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Rosemar Antoniassi,
analisaram o perfil de ácidos graxos de macaubeiras de diferentes regiões do
País e realizaram estudos de divergência genética relacionados à composição de
ácidos graxos. Esses estudos são importantes para direcionar estratégias de
melhoramento genético visando atender às necessidades do mercado de óleos.
Um dos
resultados da pesquisa a ser apresentado no I Congresso Brasileiro de Macaúba é
o da proporção de ácido láurico da amêndoa, que apresentou concentração na
faixa de 34% a 42%. Óleos com elevado teor de ácido láurico são disputados no
mercado internacional como insumos em formulações de xampus, produtos
farmacêuticos, aditivos em produtos alimentícios, defensivos agrícolas e
agentes de limpeza e em cosméticos.
Programação – O I
Congresso Brasileiro de Macaúba tem o mérito de reunir representantes de todas
as áreas de pesquisa, produtores rurais, empresas processadoras e Governo para
discutir quais os avanços e entraves existentes no desenvolvimento desta nova
cadeia produtiva. Além disso, o evento trará subsídios para que o Governo possa
elaborar políticas públicas no sentido de viabilizar a produção sustentável
desta espécie no Brasil e, em decorrência, a criação de emprego e renda.
De acordo com o
coordenador de Agroenergia do Mapa, João Abreu, nos últimos anos, a
possibilidade de utilização do óleo de macaúba no Programa Nacional de Produção
e Uso do Biodiesel – PNPB, assim como na produção de outros biocombustíveis, na
indústria de cosméticos e química, além de outros usos tradicionais, tem
influenciado toda a cadeia produtiva pela busca de conhecimentos que resultem
em um melhor aproveitamento econômico da cultura.
O Congresso
terá oito sessões temáticas, com palestrantes que irão debater o histórico,
perspectivas e aspectos legais, o extrativismo, os projetos e experiências
nacionais e internacionais com a cultura, a biologia e sistema de produção, o
melhoramento e domesticação, processamento agroindustrial e aplicações e, por
fim, o plano de diretrizes para a cadeia produtiva da macaúba.
Para a
realização do evento, o Mapa conta com a parceria do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), Embrapa Agroenergia, Embrapa Cerrados,
Secretaria de Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(SEAPA-MG) e Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM).
Mais
informações sobre o I Congresso Brasileiro de Macaúba: Consolidação
da Cadeia Produtiva em
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