A evolução das pesquisas com a macaúba na Universidade Federal de Viçosa (UFV)
segunda-feira, novembro 18, 2013
Apostando na
cultura da macaúba, a Universidade Federal de Viçosa (UFV) destaca-se no
desenvolvimento de pesquisas com esta palmeira oleaginosa. Rompendo os entraves
iniciais de domesticação da planta, em 2007, pesquisadores da UFV, coordenados
pelo Doutor em Recursos Naturais e Ciências Ambientais (University of Llliois at
Urbana-Champaing-EUA) e Professor Associado do Departamento de Fitotecnia da
UFV, Sérgio Motoike, desenvolveram protocolo de quebra de dormência das
sementes. Este foi o primeiro passo para viabilizar a produção de mudas em
escala e iniciar os primeiros cultivos racionais. Com a técnica desenvolvida na
UFV, a taxa de germinação natural que é de cerca de 3% chega a 90%. Esse
processo foi patenteado pela universidade que já recebe royalts da empresa que
explora essa tecnologia comercialmente, a Acrotech
Sementes e Reflorestamento Ltda.
O segundo passo importante no desenvolvimento
da cadeia produtiva da macaúba foi o estabelecimento dos primeiros sistemas de
cultivo (definição de espaçamentos, manejo, etc) e de uma recomendação de
adubação para a cultura. Com a evolução dos experimentos e geração de
tecnologias, foi constituída uma rede de pesquisas que visa concentrar e
divulgar resultados de estudos e informações confiáveis para contribuir com o
desenvolvimento desta cadeia produtiva, a Rede Macaúba de Pesquisas (REMAPE).
Atuando na área
de colheita e pós-colheita, o Pós Doutor em Agroenergia, Leonardo Pimentel
trabalha com o desenvolvimento de métodos eficientes de colheita e
armazenamento do coco da macaúba para viabilizar o processamento nas usinas
durante o ano todo sem perder a qualidade do óleo. Este projeto é financiado
pela Petrobrás SA e tem favorecido importantes descobertas que melhoram muito a
viabilidade econômica da macaúba. Acompanhando as etapas de evolução dos
estudos, Leonardo explica que o seu interesse, a princípio, em pesquisar a
macaúba foi impulsionado pela consolidação da obrigatoriedade de uso de mistura
compulsória de biodiesel no diesel de petróleo comercializado no Brasil (Lei no
11.097, de 13 de janeiro de 2005).
A nível mundial ocorreu o mesmo, o que
resultou numa demanda gigantesca de óleo vegetal. Entretanto, segundo Pimentel,
no Brasil só existia uma cultura agrícola específica para produção de óleo
vegetal: a cultura do dendê no norte e nordeste do País. Todo o óleo vegetal produzido
no País era quase que 100% obtido como subproduto de outras cadeias produtivas,
como óleo de soja (produto principal é o fereloproteico), óleo de algodão
(produto principal é a fibra), etc. Logo, com a aprovação da lei, visualizou-se
um mercado potencial e a necessidade de se investir em mais pesquisas para
desenvolver cultivos agrícolas cujo produto principal seja o óleo vegetal.
Desta forma,
culturas como a macaúba, o dendê, o pinhão manso passaram a ter relevância
econômica. Concomitantemente, houve incentivo do setor público e privado para
pesquisas. No caso da macaúba, a estratégia foi desenvolver um pacote
tecnológico para viabilizar os cultivos racionais (até então a exploração
econômica desta planta era restrita ao extrativismo) paralelamente à
domesticação da planta (melhoramento genético). Mais uma vez a UFV se despontou
nas pesquisas, tornando a macaúba uma realidade no contexto agroenergético
brasileiro. Hoje, a universidade conduz amplo programa de pesquisa com diversas
linhas de atuação, cujo objetivo é desenvolver a cadeia produtiva da palmeira
macaúba. Leonardo adianta que o próximo passo dos estudos (em andamento) é o
refinamento do processamento industrial.
A fim de
evidenciar essas pesquisas, o I Congresso Brasileiro de Macaúba: Consolidação
da Cadeia Produtiva, que ocorrerá nos dias 19 a 21 de novembro e 2013 irá
divulgar os conhecimentos técnicos e científicos da palmeira oleaginosa até o
momento. Este Congresso está sendo realizado pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento juntamente com a Embrapa Agroenergia e conta também
com o apoio da UFV. Será um amplo foro de debates no qual participarão
pesquisadores nacionais (UFV, UFMG, Embrapa, Unimontes, etc) e Internacionais
(Alemanha, Paraguai). Leonardo chama a atenção para a importância do evento que
irá divulgar os avanços das pesquisas aos setores interessados (pesquisadores,
produtores, industriais e governo). Ele ainda adianta que na palestra que irá
ministrar “Fisiologia e Nutrição Mineral” vai evidenciar os conhecimentos que
se têm acerca da necessidade nutricional e da fenologia da planta, os estágios
de desenvolvimento correlacionados com a produção da espécie. Além disso,
desmistificar algumas informações e mostrando o real potencial da cultura para
o cenário agroenergético nacional.
Para
mais informações da programação do evento acesse o site do Ministério da
Agricultura.
Equipe do Blog
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