Com área equivalente a quase 300 campos de futebol, em uma remota região desértica, o projeto solar Shams 1 tem grande significado simbólico para os Emirados Árabes Unidos. Quando for completado no fim do ano, será o primeiro projeto solar de grande escala no país rico em petróleo e o maior do tipo no Oriente Médio. Com capacidade plena, vai gerar 100 megawatts e abastecer 20 mil residências. Para os que estão por trás da ideia, o projeto é o sinal mais concreto até hoje de que a energia solar está chegando à região em grande estilo.
"Não somos como muitos outros países que hoje têm uma necessidade desesperada por fontes de energia complementares", diz Ahmed al-Jaber, delegado especial de energia e mudanças climáticas dos Emirados Árabes Unidos e executivo-chefe da Masdar, que é a investidora majoritária no projeto. "Estamos encarando isso a partir de um ponto de vista estratégico [...] queremos tornar-nos um protagonista tecnológico, em vez de um protagonista em energia." O governo planeja gerar 7% de sua eletricidade a partir de fontes renováveis até 2020.
Muitos países ricos em petróleo e gás vêm reconsiderando as fontes renováveis, em meio à demanda cada vez maior por energia para abastecer seu alto crescimento econômico e populacional. Também há receios, especialmente na Arábia Saudita, de que seus recursos petrolíferos aparentemente ilimitados já tenham chegado a seu auge e de que algum dia o país poderia se tornar importador.
"Estamos no meio de uma reconsideração radical do futuro energético de nossa região", afirma Adnan Z. Amin, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Renovável, com sede em Abu Dhabi. Em meio à badalação com a energia solar, alguns países começaram a traçar metas ambiciosas para o uso de fontes alternativas.
Egito e Qatar anunciaram que vão produzir 20% de sua energia com fontes renováveis a partir de 2020 e 2024, respectivamente. A Argélia pretende produzir 22 mil megawatts com fontes renováveis entre agora e 2030. A Arábia Saudita anunciou meta de 10% para 2020 e o Kuwait, de 15%, para 2030.
"Se você falasse de energia renovável há cinco ou seis anos para qualquer um na região, ele diria ´não podemos fazer isso, seria como atirar no próprio pé, somos produtores de petróleo´. Hoje, ninguém diria isso", diz Tarek El Sayed, da consultoria Bozz & Company.
Fonte: Valor Econômico.
0 comentários
Agradecemos seu comentário! Volte sempre :)